Goste você ou não, as influenciadoras digitais, ou “blogueirinhas”, se preferir, se tornam cada vez mais populares, influentes e importantes na internet. É selfie pra lá, stories para cá, um mimo daqui, um publipost dali, e cada vez mais pessoas passam a seguir e acompanhar o dia a dia, as tendências e as polêmicas das novas celebridades da internet, revolucionando o que conhecíamos como marketing de influência.

Porém, muitas vezes algumas dessas influenciadoras não percebem o impacto de seus posicionamentos e atitudes nas redes, e como isso prejudica não só sua imagem e marca, como foi o caso de Bianca Andrade, ou Boca Rosa, no BBB20, mas também transmitem mensagens negativas e até perigosas para o seu público e seus patrocinadores, como no caso recente da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, que resolveu fazer uma pequena festa em sua casa em meio à pandemia do coronavírus. A influenciadora, inclusive, não só foi diagnosticada com a doença logo no início do contágio no país, mas também fez algumas publicações agradecendo pelo “momento de reflexão” proporcionado pelo vírus. Hoje, após compartilhar diariamente sua rotina de cuidados, ela já está curada da doença. A polêmica repercutiu fortemente nas redes sociais, e Pugliesi, que tem mais de 4 milhões de seguidores, teve que pedir desculpas publicamente, e acabou até mesmo desativando seu perfil no Instagram após as críticas, perda de seguidores e patrocínios.

Segundo a Squid, empresa especializada em marketing de influência, a chegada da doença aumentou em 24% o engajamento brasileiro no Instagram ao comparar com o mesmo período do ano passado. Porém, o incidente levantou diversos questionamentos em torno do conteúdo e do comportamento apresentado pelas influenciadoras digitais, tanto por parte do público quanto pelas marcas que as patrocinam.

Ao fazer anúncios de produtos e estilos de vida em seu perfil, os digital influencers passam a “personificar” a marca, tornando-se um braço importante na divulgação. Quando um escândalo como esse, onde uma blogueira que se popularizou com dicas de saúde e exercícios físicos quebra as principais recomendações de precaução, toma a proporção que tomou, os reflexos prejudicam não só sua presença nas redes, mas também se torna uma uma mancha na imagem das marcas que representam, principalmente com a cultura de cancelamento que acontece nas redes sociais.

O contexto atual da pandemia promete transformar radicalmente a vida como conhecemos, tanto para as influenciadoras quanto para cada um de nós. Citando a frase do virologista Atila Iamarino em entrevista à BBC, “o mundo mudou, e aquele mundo (de antes do coronavírus) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade”.

É inegável que a crise atual acelerou processos e deve ditar novas tendências, inclusive na maneira como nos relacionamos, nos comunicamos e até consumimos. Ainda não sabemos exatamente como será o mundo além do confinamento, mas é certo que o comportamento e a cultura de consumo atual deve (e vai) seguir por outros caminhos, onde o consumidor se tornará cada vez mais  exigente e preocupado com pautas sociais, empatia e realidade. Por isso, influenciadoras digitais estão sendo forçadas a  se reinventar, já que seu conteúdo, antes voltado para um “estilo de vida” cheio de luxos, festas, viagens e roupas incríveis, não só parece incompatível com nossa realidade, mas também deixa de fazer sentido para boa parte do público.

Segundo Bia Granja, fundadora do YouPix, em entrevista ao UOL TAB, o que sustenta a cultura de influência são as relações de confiança, comunidade e identidade criadas por essas personalidades. O conteúdo produzido online deve se tornar mais “útil”, ou se tornará cada vez mais irrelevante. Desta forma, a influência deverá ser vista por uma lente mais diversa e abrangente, em que os influenciadores digitais passam a assumir um novo papel.

 

Como será a nossa vida quando tudo isso acabar? O que vai ser do mercado de influência e comunicação?