A popularização das inteligências artificiais abre um mar de possibilidades. De repente, todas as imagens e sons armazenados nos bancos de dados podem recriar, de forma assustadoramente realista, a imagem e voz de uma pessoa, seja ela famosa ou não. 

Agora, assistir a uma palestra sobre física apresentada pelo próprio Albert Einstein ou ouvir um cover improvável entre dois artistas totalmente diferentes são mais do que imaginação, mas uma realidade que chegou rápida e inesperadamente. 

No entanto, como é esperado das novas tecnologias, os benefícios são equiparáveis aos desafios. O uso de inteligências artificiais traz, além da expectativa acerca da sua capacidade, uma série de questões fundamentais para qualquer criação, como consentimento, autenticidade e uma pergunta indispensável: até que ponto é ético recriar a imagem de uma pessoa?

Como funciona a IA Generativa e as polêmicas da geração de imagens

Pense na quantidade de material que está disponível na internet, entre fotos, vídeos e áudio. Se usados para alimentar um banco de dados, o algoritmo é capaz de assimilar cada informação para gerar um novo conteúdo. É isso que chamamos de IA Generativa. 

As inteligências são treinadas para reconhecimento de padrões disponíveis nos dados, sejam visuais, em áudio ou em texto, e trabalha para ajustar expressões, vozes, gestos, palavras e tornar a criação cada vez mais “real”, produzindo obras “novas” a partir de um simples prompt

Os exemplos são muitos e, atualmente, extremamente populares. Nos casos mais simples, o Chat GPT, Dall-E, Midjourney e as vozes simuladas do TikTok são exemplos de fácil acesso. Em casos mais avançados, é possível criar vídeos e cenários ainda mais complexos e realistas, que pouco se diferenciam da vida real, como o comercial da nova Kombi, lançado em julho deste ano. 

Se você não soube da propaganda, como celebração dos seus 70 anos de atuação no Brasil, a Volkswagen lançou um vídeo publicitário anunciando a volta da Kombi ao mercado. O vídeo, porém, contava com uma participação no mínimo inusitada: um dueto do clássico “Como Nossos Pais”, entre Maria Rita e sua mãe, Elis Regina. Veja bem: não estamos falando de um vídeo antigo de Elis. Mas de uma cena gerada artificialmente, que traz a imagem de Elis dirigindo um veículo da marca e cantando ao lado de sua filha. 

O resultado foi bastante realista e provocou sentimentos conflitantes nos espectadores. Se Elis não está mais entre nós, como ela pode consentir à sua participação em uma propaganda? Mesmo que com o consentimento da família, até que ponto é permitido utilizar a imagem de uma pessoa – viva ou morta – para fazer propaganda de um produto? 

Outro caso emblemático é o da “ressuscitação” digital do renomado escritor Mark Twain, trazendo novas obras após a sua morte e gerando uma série de questões a respeito da autenticidade e das intenções do autor. Afinal, por mais próximo e realista que possa parecer, ainda não é possível replicar perfeitamente as subjetividades, pensamentos e valores de uma pessoa. Os exemplos são muitos e não param por aí: do dueto entre João Gomes e Luiz Gonzaga em campanha do iFood, a “participação” do Steve Jobs em um podcast, os “derpfakes” virais de Nicholas Cage e até mesmo a computação gráfica que permitiu a finalização de Velozes & Furiosos 7 após a morte de Paul Walker.

O impacto no audiovisual (e na comunicação como um todo)

A tecnologia certamente é incrível e é natural ficar fascinado pelas possibilidades geradas na comunicação. Ainda assim, precisamos considerar todas as controvérsias envolvidas nesse processo.

Os Deepfakes e Deepdubs são mais antigos do que parecem e já causaram alvoroço na internet há alguns anos (inclusive, já falamos delas por aqui), mas não o suficiente para que tivessem criado os devidos processos legais, visto que ainda estamos aprendendo a lidar com essas tecnologias.

Casos como os que citamos acima levantam questionamentos a respeito da responsabilidade e ética por trás dessas produções. “Recriar” ou até mesmo gerar imagens novas de pessoas permite originar conteúdos incríveis, comoventes e que engajam o público. Aulas, palestras, eventos, filmes, músicas, fotos… O céu é o limite! 

Por outro lado, a falta de controle e responsabilidade na utilização de uma tecnologia tão acessível também gera preocupações quanto ao uso banalizado e não autorizado de imagem para gerar memes e outras criações desrespeitosas, ou que não condizem com os desejos do indivíduo em questão.

De acordo com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o CONAR, no caso Kombi, o uso de imagem ou voz de uma pessoa falecida por meio de Inteligências Artificiais só é permitido com o consentimento prévio e expresso em vida ou dos familiares mais próximos. Caso o falecido não permita o uso, essa vontade deverá ser respeitada e, mesmo que os herdeiros legais permitam o uso, o consumidor deverá ser informado ostensivamente sobre o uso da IA.

Alguns artistas, como a Madonna, estão inclusive alterando seus testamentos para estabelecer regras claras quanto ao uso de suas imagens após a sua morte, proibindo o uso de Inteligências Artificiais. Até o Grammy proibiu a participação de trabalhos gerados exclusivamente com IA! 

Casos como estes destacam a necessidade de considerar não apenas as capacidades tecnológicas, mas, também, as implicações sociais, culturais e psicológicas desse tipo de inovação. É preciso um olhar atencioso para questionar a autenticidade das obras, para promover o respeito aos envolvidos e para garantir que essas tecnologias sejam utilizadas com ética e sensibilidade, visto que podem impactar negativamente o mercado.

Com o intuito de reduzir os riscos e enfrentar os desafios, é fundamental que tanto os usuários quanto a indústria como um todo estejam conscientes e orientados quanto ao potencial e usos das Inteligências Artificiais. Isso significa não só a divulgação de informações a respeito dessas ferramentas, mas um devido trabalho de moderação nas redes sociais e uma regularização adaptada a estas novas demandas. E você, já ficou chocado ou se emocionou com algum Deepfake por aí? Já se habituou a este “novo normal”?

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